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Os muçulmanos tiveram – e continuam tendo – um papel singular e destacado na área da crença e na concepção religiosa
Os muçulmanos tiveram – e continuam tendo – um papel singular e destacado na área da crença e na concepção religiosa. Enquanto as nações e civilizações anteriores e contemporâneas tiveram conceitos diferentes sobre o Criador do universo e o deus a ser adorado, os muçulmanos creram na unicidade de Allah (exaltado seja) e o unificaram na adoração, creram em Sua exclusividad na criação e ordem. Essa foi a maior contribuição já oferecida à humanidade, sobretudo tendo em conta o importante papel da fé e a sua influência crucial sobre o desenvolvimento da civilização.
Antes do Islam, o mundo tinha uma visão sombria da verdade da divindade. Não era uma visão clara que fazia uma estimativa justa de Deus, como é devido a ele. Era uma visão perturbada e cercado por ilusões e visões ignorantes. A verdade é que as diferentes civilizações ou nações anteriores, como mostra sua história, não tinha um conhecimento correto de Deus (exaltado seja) e não encontraram a verdadeira fé no Criador e planejador do universo. Também não conheciam a realidade da divindade, que é Completo, Onisciente, Todo Poderoso, Realizador do que deseja, é Amável e Misericordioso. Isso ocorreu porque as nações anteriores não conhecera a profecia orientadora e a revelação imaculada de maneira direta. Sendo assim, estas nações caminharam por conta própria buscando “a primeira causa” ou “o primeiro movimentador” ou “aquele que necessariamente existe”, e fracassaram e se debateram e foram dominadas por ilusões e fantasias.
Até mesmo os filósofos, aqueles que são descritos na história da filosofia como “os divinos”, ou seja aqueles que reconheceram a divindade em geral, tais como Sócrates, Platão e Aristóteles, que se recusaram a negar a existência de Deus e rejeitaram o ateísmo. Até mesmo a concepção de divindade deles não era correta, porém foi incompleta e perturbada, cercada por um monte de ilusões e confusões. Tomemos, por exemplo, o conceito de Deus na visão de Aristóteles, o primeiro professor dos gregos, para vermos que deus era esse Ele é o Deus que conhecemos, que criou tudo, que sustenta todos os seres vivos, que dirige todas as coisas, que conhece o passado, o presente e o futuro, e que faz o que quer e tem poder absoluto sobre tudo Ou ele era um deus diferente daquele que nós conhecemos[1].
Will Durant diz em seu livro “As luzes da Filosofia” Aristóteles retrata Deus como um espírito auto-consciente, e este é um espírito bastante enigmático e oculto, porque o deus de Aristóteles nunca jamais realiza qualquer acão, ele não tem anseios, nem vontade, e nem propósito algum, sua realidade é tão pura que ele nunca faz nada. Ele é absolutamente perfeito, portanto, ele não pode almejar nada, portanto ele não faz nada! Sua única ocupação é contemplar a essência das coisas, e uma vez que ele mesmo é a essência de todas as coisas, a forma de todas as coisas, o sua única ocupação é a contemplação de si mesmo. Não é estranho que os britânicos gostem de Aristóteles, porque o seu deus, nitidamente, é uma réplica exata do rei deles, o rei deles é, exatamente, uma cópia do deus de Aristóteles![2]
Se Deus, para Aristóteles, era desprovido, porque não tem poder nenhum no universo, então Deus, para Platão – a quem é atribuído o platonismo moderno – é mais desprovido ainda, porque ele não contemplar nada, nem mesmo a si mesmo![3]
E o paganismo na Índia atingiu o seu auge no século VI. O número de deuses na Índia atingiu 330 milhões. Tudo tornou-se magnífico e atraente e tudo na vida era um deus adorado. Portanto, ídolos, estátuas e deuses são incontáveis, incluem figuras históricas, heróis em que Deus se incorporou, montanhas nas quais alguns de seus deuses se manifestaram, metais como ouro e prata, onde um deus se manifestou, rios, instrumentos de guerra, instrumentos de reprodução, animais dos quais o maior é a vaca, objetos astronômicos, entre outros.
Desta forma, a religião tornou-se uma mistura de superstições, mitos, hinos, doutrinas e adoraçõe que Allah não permitiu e nenhuma mente sã aceitou em qualquer época. A produção de esculturas de ídolos se propagou nessa época mais do que em todos os tempos passados. Todas as classes, desde o rei até as pessoas mais simples e pobres de estavam empenhados na adoração ídolos[4].
A situação chegou a um ponto onde o homem menosprezou a sua humanidade e passou a prostrar às pedras, árvores, rios e tudo o que não tem capacidade de trazer benefício ou dano para si mesmo!
O estado romano carregava a bandeira do cristianismo no mundo e estava dividido em dois grandes ramificações católicos e ortodoxos. Os ortodoxos, por sua vez, tinham dois grupos melquitas e monofisitas. Houve guerras ferozes entre estes grupos e todos eles distorceram a sua religião associaram parceiros a Deus na adoração, mas divergiram nas maneiras de idolatria e os bispos e monges tornaram-se senhores em vez de Deus!
Em sua essência, a história da Europa nos tempos medievais era, praticamente, um conflito entre a autoridade religiosa e a autoridade mundana. A autoridade religiosa (papal) monopolizou o direito de falar em nome de Deus e ficou acima dos seres humanos e acima dos reis, que deveriam, no final, se submeter à autoridade papal em nome da religião. Ninguém tinha o direito de julgar a autoridade religiosa ou monitorar seu comportamento. A autoridade mundana, por sua vez, era representada pelos governantes, reis, imperadores e príncipes que desejavam praticar a sua autoridade, poder e despotismo junto de seus povos, sem serem limitados por qualquer pessoa ou organismo sob qualquer nome ou qualquer pretexto, mesmo se fosse a autoridade papal, sob o pretexto da religião.
Em 1073 dC, o papa Gregório VII anunciou que a igreja tem autoridade sobre o mundo inteiro e assimila o seu poder diretamente de Deus e, por sua vez, fornece poder aos reis e príncipes de todo o mundo. Ele também anunciou que o papa tem uma posição única no conhecimento, então ele é quem nomea e destitui os bispos e tem o direito de depor os imperadores, porque ele é o senhor deles e, diferentemente deles, não pode ser questionado sobre o que faz. Com base nisso, os papas anunciavam a destituição de imperadores e reis que não os agradavam, como foi o caso do imperador Henrique IV, quando foi deposto pelo papa, em 1107, então ele foi obrigado a ficar com os pés descalços e com a cabeça descoberta na porta do papa debaixo de neve e chuva durante três dias. Outro exemplo é o caso do Rei João da Inglaterra, quando o Papa Inocêncio III ficou nervoso com ele lançou sua ira sobre toda a Inglaterra e declarou uma cruzada contra ela e instigou o rei da França para atacá-la e anexá-la à França. Então, o rei da Inglaterra teve que pedir perdão ao papa. Ele o perdoou depois que o rei anunciou sua subordinação a ele e lhe jurou fidelidade e ofereceu um presente adequado! Este poder atingiu o seu auge em 1198 dC, quando o Papa Inocêncio III anunciou que ele era o representante de Cristo, o que intermedia entre Deus e os Seus servos, está abaixo do Senhor e acima dos seres humanos, é o governante de todos e ninguém o governa![5].
Não há dúvida de que esse desvio por parte do clero cristão, seu poder e seu domínio são as razões que fizeram o Ocidente moderno tentar escapar da tirania e do cativeiro da igreja e, em seguida, ir aos extremos no secularismo, na soltura do controle da religião e seu distanciamento de todos os assuntos da vida.
Os árabes, por sua vez, no início – como também antecedemos - adoravam a Deus e acreditavam na Sua unicidade. Acreditavam que Ele é o grande Deus, o Criador do universo, o planejador dos céus e da terra, em cujas mãos está o domínio de todas as coisas... [E se lhes perguntas “Quem criou os céus e a terra e submeteu o sol e a lua”, em verdade, dirão Allah] (Al-Ankabut 61). Mas quando o tempo se estendeu para eles, se esqueceram de parte da advertência que haviam recebido. Cometeram a idolatria, estabeleceram intermediários entre eles e Deus, rogaram a esses deuses e os associaram a Ele na súplica. Allah (exaltado seja) diz sobre o argumento dos idólatras [Não os adoramos senão para que eles nos aproximem bem perto de Allah] (Al-Zumur 3).
Assim, os árabes cumpriam alguns atos de adoração para aos ídolos, e a idéia de intercessão se firmou em suas mentes até que ela se transformou na crença no poder dos intercessores de trazer benefícios e danos. Depois, progrediram na idolatria associando os deuses com Deus na adoração e acreditando que esses deuses tinham similaridade e participação no controle do universo, poder pessoal de trazer benefícios e danos, o bem e o mal e de conceder e privar as pessoas.[6]
A adoração de ídolos na Península Arábica era tão difundida que cada tribo e, em seguida, cada casa tinha um ídolo. Al-Kalbi[7] disse “Toda família em Makkah tinha um ídolo para adorá-lo em sua casa. Se um membro da família quisesse viajar, a última coisa que fazia antes de deixar a casa era tocá-lo para obter bênção. E quando chegava de viagem, a primeira coisa que fazia ao entrar em sua casa também era tocá-los... e assim, os árabes excederam na adoração aos ídolos, entre eles há quem tomava uma casa como objeto de adoração, outros tinham uma estátua, e quem não podia pagar uma estátua ou construir uma casa elevava uma pedra na frente de al-Haram (Mesquita Sagrada ) e em outros lugares que fossem de seu gosto e, em seguida, o circundava da mesma forma que circundava a Casa e os denominava “Al- Ansab (pedras elevadas)... Se um homem viajava e permanecia em um lugar, pegava quatro pedras e observava a melhor delas e a tomava como um deus e usava as três restantes para apoiar a sua panela. E quando seguia viajem, deixava a pedra[8]. Abu Raja al-Attaridi disse “Nós adorávamos pedras, quando encontrávamos uma pedra melhor nós a adorávamos e jogávamos a outra fora. Quando não encontrávamos uma pedra, recolhíamos um pouco de terra e, em seguida, traziamos uma ovelha e ordenhávamos o seu leite sobre o terra para, depois, circundar ao redor da terra[9]. E havia trezentos e sessenta ídolos dentro da Kaabah (a Casa que foi construída para a adoração do Único Deus) e seu pátio.[10]
Assim era a situação das nações anteriores no assunto da religião, da crença e do deus adorado. Havia o paganismo, a ausência de monoteísmo, e a partir daí, a ausência dos conceitos de poder, divindade e criação. Isto levou à degradação da humanidade e à degradação dos valores de qualquer civilização.
[1] Al-Qardawi Al-Islam hadarat Al-Ghad (o Islam é a civilização do amanhã) p.14.
[2] Mabahij Al-Falsafah, p 161,162, copiado de Al-Qardawi Al-Islam hadarat Al-Ghad p 14,15.
[3] Veja Al-Aqqad Allah p 78, p 131.
[4] Abu al-Hasan al-Nadwi Maza khassira Al-Alam bi inhitat al-Muslimin (O que o mundo perdeu com a degradação dos muçulmanos) P 40, e ainda Al-Islam wa atharahu fi al-hadarah wa fadlahu ala-al insaniyah (O Islam e seu impacto sobre a civilização e suas contribuições para a humanidade) p 21.
[5] Abdallah Ilwan Maalim al-hadarah fi al-Islam wa atharuha fi al-nahdah Al-orobiyah- (As características da civilização no Islam e seu impacto no renascimento europeu), p 38,39.
[6] Abu al-Hasan al-Nadwi Maza khassira Al-Alam bi inhitat al-Muslimin (O que o mundo perdeu com a degradação dos muçulmanos) P 45.
[7] Ibn Al-Sa'ib Al-Kalbi Ele é Abu Al-Nadr Muhammad ibn Al-Sa'ib ibn Bishr ibn Amr (falecido em 146 dH763 dC) narrador bem familiarizado com a história dos árabes. Ele nasceu e morreu em Kufa. Ele é um xiita cuja narração de hadith não é aprovada, mas são aceitas as suas narrações sobre o período pré-islâmico. Veja Al-Zahabi Siyar alaam al-nubala p 6 248, 249.
[8] Abu Al-Munzir Hisham ibn Muhammad ibn Al-Sa'ib Al-Kalbi Kitab-al Asnam (Livro sobre os Ídolos), analisado por Ahmad Zaki Basha, p 33.
[9] Al-Bukhari Kitab al-Maghazi (Livro das campanhas militares), no capítulo sobre a delegação de Bani Hanifa e o hadith de Themamah ibn Athal (4117).
[10] Al-Bukhari, da narração de Abdullah bin Mas'ud Kitab Al-Mazalim (Livro de iniqüidades), no capítulo devem as jarras que contém vinho ser quebradas ou os recipientes furados (2346), e Muslim Kitab al-jihad wa-al syar, no capítulo sobre a remoção dos ídolos dos arredores da Kaaba (1781).
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